terça-feira, 29 de março de 2011

“PROBLEMATIZAR PARA RESOLVER” - JULIANA

“PROBLEMATIZAR PARA RESOLVER”

Juliana Bandeira da Silva (2011)

INTRODUÇÃO

Pensar em aprendizagem é pensar criticamente os processos que perpassam pela educação, principalmente ao que tange as metodologias aplicáveis capazes de gerir mudanças significativas no contexto educativo de cada criança.
Por isso, buscarei apresentar uma breve reflexão em torno da problematização como metodologia da aprendizagem, uma vez que o contexto problematizador oferece subsídios coerentes aos novos desafios impostos pela sociedade atual, onde se inclui habilidades de leitura, contraleitrura e conhecimento tecnológico.
            Buscarei apresentar ainda, novos métodos práticos capazes de formar cidadãos para o desenvolvimento e melhoria do mundo de forma sustentável e mais humana, visto que os métodos trarão a oportunidade de reflexão aos alunos formando cabeças pensantes capazes de identificar o que é bom e o que se pode melhorar, demonstrando o potencial que existe em cada um e que várias cabeças juntas em busca do mesmo propósito pode nos levar a resultados nunca antes observados.
            Demonstro ainda, sobre a aplicabilidade prática do método, em diversas áreas, além de mostrar os vários níveis de pessoas que podem participar dos grupos de aprendizagem desde os alunos até mesmo os professores e diretores.


“COMPREENDENDO O PROCESSO DA PROBLEMATIZAÇÃO NO CONTEXTO DA APRENDIZAGEM”.
        Explanar sobre a Metodologia da Problematização se mostra muito prazeroso, no entanto tal assunto deve ser debatido com bastante cuidado visto que vários autores já se pronunciaram sobre o assunto, dificultando desta forma resumir em poucas palavras este estudo.
Logo, para conseguirmos mostrar com maior precisão este estudo, é importante mostrar a Metodologia da Problematização mediante os apontamentos de Maguerez e posteriormente as ideias dos conhecimentos de Paulo Freire para definir suas relações.
O Arco parti do assunto vivenciado ou observado na realidade, logo, o ponto inicial é o Arco que percorre pelo estudo e retorna para a realidade. Tal metodologia proporciona aos estudantes a observação do trabalho de forma atenta, identificando o que de fato está necessitando melhorar, o que é preocupante, relevante, enfim crucial para que um dado objetivo seja alcançado.
Lembrando que todos esses elementos são subtraídos da realidade. Neste instante, os alunos estão problematizando a realidade, com seus olhares minuciosos, estão elencando o que de fato precisa ser corrigido, melhorado. E a partir de então todos elegem um dos aspectos para ser investigado e para que seja confeccionada uma redação que demonstre o problema, ou ainda podem ser eleitos vários aspectos e problemas a serem instigados.
Sempre que se aplica esta metodologia a turmas de alunos, podemos escolher o tema a ser trabalhado por toda a classe, podendo eleger vários problemas para  cada equipe  desenvolver.
Após definição do(s) problema(s) a ser (em) estudado(s) mediante a observação da realidade vivenciada,  faz-se uma atividade de raciocínio almejando quais os possíveis aspectos ou fatores que estão relacionados ao problema, ou seja, o que será a causa deste problema ressaltado na realidade? Qual sua origem? Então se direciona  perguntas e mais perguntas com o intuito de avançar e aprofundar na procura das razões da existência do problema. É através destes questionamentos e das respostas obtidas e discutidas que os alunos começam a obter os primeiros conhecimentos a cerca do tema estudado naquele momento.
A partir de então, deve ser analisado e definido o que se vai estudar, esta definição se caracteriza como a segunda etapa, também chamada de etapa dos pontos-chave.  Esta etapa  requer um instante de resumo após a análise inicial desenvolvida, é o instante da escolha do que vai ser estudado sobre o problema, é a hora ideal para definição das características que necessitam ser apreciadas e melhor entendidas na intenção de conseguir uma solução para esta questão.
Posteriormente, tornaremos a questionar, de que forma estudaremos? Neste momento definiremos a forma de estudo e as fontes informativas a serem pesquisadas. Podendo  nos valer de bibliotecas, livros, revistas relatórios de pesquisa, programas governamentais, arquivos, especialistas, professores que estudam o assunto ou com a população. Questionários podem ser aplicados,  entrevistas realizadas e/ou coleta de  depoimentos. Logo, serão definidos o método aplicado na realização do estudo. Esta etapa, também conhecida como Teorização, consiste na fase do estudo propriamente dito, estudos estes que abrangem os pontos essenciais definidos para elucidar o problema. Desde o princípio,  ficou bastante evidente que todo este trabalho nos conduzirá à elucidação do problema, ou na pior das hipóteses ao encaminhamento de uma solução, concreta, capaz de resolver de uma vez por todas o tema tratado aqui como problema.
Contudo, não podemos esquecer que todo o estudo é confeccionado pelos componentes do estudo. Após o estudo realizado, aprofundaremos todos os conhecimentos acerca do problema elencado juntamente com as características definidas na etapa pontos-chave, para a partir de então os participantes terem condições de compararem com seus resultados iniciais, proporcionando que seja revisto pontos que oportunamente se mostraram mais lúcidos, melhor elaborados e até fortificar aspectos que antes já haviam sido observados desta forma, só que agora em um aspecto mais científico.
Nota-se, através do estudo, que alguns tópicos devem ser conservados, ou então revisar características que estavam sendo mantidas em senso comum, logo, proporcionando as pessoas participantes do estudo aprofundar em o conhecimento de  forma mais técnica, com maior consciência acerca do problema e de sua interveniência social.
Posteriormente ao estudo e após a análise e o debate das informações coletadas e conclusões ao marco que se pode chegar se finda a Teorização e direciona-se para a próxima etapa que é o momento de confeccionar as Hipóteses de solução. Nesta etapa a criatividade é crucial para um bom desenvolvimento, criatividade esta que deve ser estimulada. Como e porque se obtém tais problemas?
Em outras palavras, podemos dizer que as hipóteses obrigatoriamente devem ser muito criativas, pois a conscientização de que é preciso novas ações, diferenciadas, redigidas de outra forma para poder ter força de provocar uma diferenciação na realidade de onde se retirou o problema. Ressaltamos que todos os apontamentos idealizados e confeccionados de possibilidades sem exceções deverão ser registrados, pois o registro preservará todo o caminho percorrido desde o estudo do problema até a elaboração do plano de ação e resultados obtidos.
Visto isto, a etapa seguinte consiste da aplicação à realidade. Nesta fase partiremos para a prática, a ação propriamente dita sobre a realidade de onde foi extraído o problema.
          Resumindo, podemos constatar que seguimos os seguintes passos, da realidade foi escolhido o problema, em cima do referido problema realizamos estudo, posteriormente fizemos a concertação através dos dados obtidos e finalizamos com as ações que possam sanar ou melhorar o impacto daquele problema, ou seja, o principal objetivo é proporcionar mediante tal estudo, uma modificação, seja ela pequena ou grande, mas que atinja aquela parcela da realidade. Este é o Método do Arco de Maguerez.
2 APLICABILIDADE DA PROBLEMATIZAÇÃO
A problematização pode ser aplicada como metodologia de ensino, visto que tal metodologia tende a formar alunos com cabeças pensantes, capazes de debater e sugerir melhorias no meio social em que estão inseridos, pois estimular tais pensamentos e instigar a capacidade dos alunos de mudar a realidade é papel da escola e dos seus professores, pois, certamente a partir de então, teremos eleitores e cidadãos capazes de poder definir o que é melhor para a sociedade como um todo e até mesmo de liderar e desenvolver planos de ações bastante eficientes.
Observa-se  que essa tarefa de construir a problematização deve ser estimulada desde o primeiro ao terceiro grau, como parte do processo de aprendizagem, visto que, o cérebro deve ser constantemente estimulado a produzir, inclusive não somente os alunos como também os professores, que deverão está habilitados para conduzirem um processo de construção de aprendizagem de qualidade e atualizado com os temas contemporâneos.
Todas as etapas deste processo metodológico deve ser seguido, conforme manda o figurino, visto que o conjunto de técnicas, procedimentos e atividades devem se unir para formar o Arco, desta forma proporcionando o início e conclusão do trabalho. Muitas vezes, concluir um ciclo do arco significa iniciar um novo estudo, ou seja, a construção de um novo arco, visto que a observação atenta, organizada e sistematizada nos leva a observar outros problemas e possíveis soluções a serem aplicadas.
Sempre que chegamos na fase da aplicabilidade a realidade, é necessário criar um plano de ação, neste instante cada grupo deverá escolher a maneira, as técnicas mais adequadas, para concretizar uma intervenção nesta realidade para modificá-la, sempre orientados pelo professor. Os exemplos de planos de ação podem citar reunir grupos de discursão, enviar cartas, divulgar resultados, promover palestras, enviar cartazes, efetuar dramatizações de situações educativas, exemplificarem formas de conduta, dentre outras.
Como observamos, o plano de ação deve modificar em algum grau, isso porque, conforme os participantes que temos, devemos gerar uma certa expectativa quanto a elaboração e condução da problematização proposta, ajustando aos níveis de cada grupo (crianças e/ou adolescentes) pois jamais podemos esperar a mesma eficiência de resultados para alunos de turmas com níveis diferenciados. E ainda, em se tratando de professores executando a problematização, certamente devemos esperar respostas e estudos mais complexos, com maior abrangência, um estudo mais aprofundado e com um leque maior a ser resolvido. Ou seja, cada tipo de grupo vai definir um tipo de atuação possível e um grau diferenciado, desta forma mostrando o grande potencial que se encontra impresso na Metodologia da Problematização, capaz de concretizar os princípios teóricos e filosóficos de uma educação progressista e humanizadora.
De uma forma sucinta, podemos dizer que o Método da Problematização possui em termos gerais uma orientação como todo método, dividida em etapas diferenciadas e ligadas a partir de uma situação problema observada. Fundamentada na concepção de educação crítica e forma uma metodologia compreendida com um grupo de métodos, técnicas, procedimentos e atividades selecionadas e organizadas para a concretização do propósito que é crescer juntamente com o estudante, ser cada vez mais humano e tomar consciência de seu papel no mundo, de forma atuante e não apenas como mero espectador, desta forma agindo em busca de um mundo melhor, proporcionando uma vida mais digna para todos.
2.1 O PAPEL DA AÇÃO PROBLEMATIZADORA
“O educador faz “depósitos” de conteúdos que devem ser arquivados pelos educandos. Desta maneira a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante. O educador será tanto melhor educador quanto mais conseguir “depositar” nos educandos. Os educandos,  por sua vez, serão tanto melhores educados, quanto mais conseguirem arquivar os depósitos feitos. (Freire, 1983:66)”
          Prova, tão logo, que através da “problematização” da realidade, da significação é possível desenvolver uma concepção libertadora na relação professor e aluno e conhecimento e aprendizagem. A educação problematizadora deve ter como principal papel a libertação do Homem, libertação da ignorância, da dependência, da submissão e das diversas formas de coação, e tal libertação só serão possíveis com a ampliação do ser humano, pela aquisição de novos conhecimentos em busca da transformação da realidade, no entanto só conseguiremos transformar a realidade a partir do instante que nos transformarmos. E esta transformação a metodologia da problematização permite a todos que participam dela, através das produções intelectuais realizadas, através da percepção social, ética e política do mundo em vivemos, conforme o ambiente de estudo.
A pessoa que está conduzindo os educandos, deve manter seu papel, efetuando sua ação educativa a partir das observações e apontamentos apresentados pelos grupo dos aprendizes, ou seja, os alunos precisam ser ouvidos para serem norteados sobre o assunto, proporcionando que todos caminhem para um caminho mais seguro, palpável e que de fato venha a proporcionar uma melhoria, pois inicialmente, a tempestade de ideias deverá ser filtrada a fim de promover um trabalho de maior qualidade, no entanto, deve-se atentar para manter todos os participantes motivados e desinibidos, visto que todos os membros da equipe deverão ser ouvidos. Pois, se acidentalmente um dos componentes sentires que está falando bobagens ou coisas do gênero, poderá se mostrar acanhado e poderá esconder futuras ideias e soluções possíveis, de forma a afetar o andamento e a conclusão dos trabalhos.
Não obstante, devemos ressaltar que devemos sair do circuito que envolve o senso comum e partir para um senso construído, elaborado. Ora, se estamos buscando uma solução para uma determinada situação, fica óbvio que devemos ter uma resposta diferente do que se já tem através do senso comum, para a partir de então termos subsídios diferenciados capazes de apresentar novidades e soluções que envolvam um desfecho para a situação. Pois, nós enquanto seres humanos temos que ter em mente que a todo tempo é tempo de reinventar, por mais que muitas pessoas já tenham debatidos certos temas, por mais que outras pessoas tenham feito outros estudos, por mais que outra equipe tenham apresentados dados consistentes, um novo estudo sempre será capaz de trazer novidades, terá sempre alguém ou um grupo capaz de incrementar o estudo e mostrar novas expectativas e formas de combater determinada situação.
Dentre as afirmações que podemos fazer, podemos citar a de que o professor deve ser bastante democrático e vigilante, observando todas as opiniões e formas de envolvimento do aluno, este envolvimento segundo a teoria da problematização se dará de forma gradativa, visto que, o aluno só terá condições de apresentar um bom trabalho se ele realmente se envolver, se aprofundar na situação, o professor deverá mostrar claramente aos seus alunos que deve ser mantida a coerência entre o que se diz e o que se faz, pois é comum em grupos de discursão que todos comprem uma determinada ideia, no entanto, na hora da prática a situação não é bem assim, pois a coerência citada deve ser mantida por professores e por alunos, logo, sempre que a turma convergir para um determinado pensamento, os mesmos deverão ser orientados e acompanhados para que mantenham na prática o que se foi acordado na teoria.
Podemos dizer ainda, sobre a escolha do tema que por si só deverá ter relevância para o aluno não só de forma individualizada mas  também a sua importância como um todo, visto que, não se trata de um estudo localizado, e sim um estudo capaz de formar o cidadão, capaz de prepara-lo para o mundo, o despertar da curiosidade do aluno sobre o assunto deverá ser exposto pelo professor que deverá fazer uma breve explanação a fim de minimizar de imediato a distância entre aquele assunto e o aluno, nesta explanação deverá ser mostrado os pontos cruciais, pontos estratégicos e capazes de envolver o aluno em prol de buscar um ponto em comum capaz de elucidar tal problemática apresentada. Não obstante, salientamos a necessidade de nos mantermos atualizados sempre, pois a todo instante somos bombardeados de informações e o processo de construção do conhecimento deverá ser constante, pois com a era da internet, os conhecimentos e informações envelhecem cada vez mais rápidos, por outro lado, podemos observar esta gama de informações como mais um fator positivo, capaz de nos proporcionar a análise de uma infinidade de variantes, formando assim um diagnóstico mais completo, holístico.  Logo, é primordial buscarmos nos atualizar sempre acerca de todos os assuntos e em especial aos assuntos ligados ao que nos interessa de fato, ou seja, assuntos ligados ao tema estudado naquele momento. Quando falamos em estudar de tudo um pouco, estamos querendo prevenir a análise e o diagnóstico do trabalho de ser tendencioso para uma determinada área, pois em diversos casos os assuntos que aparentemente não se interligam com o assunto estudado, mantêm ligação com o projeto estudado.
Logo, fica evidente o papel da escola e dos educadores, de transformar a escola em um local de ambiente propício para pensamentos, estudos e de formação dos cidadãos, local onde o aluno esteja sempre em ascensão buscando novos conhecimentos e construindo outros, a escola não deve ser vista mais com os mesmos olhos tradicionais que buscam apenas que os conhecimentos pré-construidos, da mesma forma os professores devem está preparados para receber esse novo aluno que se mostra, com técnicas novas e atualizadas, com métodos capazes de prender a atenção do aluno, fazendo com que o aluno saia do ambiente escolar enxergando tudo que está a sua volta, ambiente político, social e econômico. Pois, estes serão os nossos futuros governantes e lideranças, com nova visão, capaz de despertar uma nação ou até mesmo o mundo para um propósito simples mas que ao mesmo tempo inovador, um mundo mais justo, mais ameno, mais humano.
É com este propósito que fica como sugestão a aplicação deste novo método, bastante defendido pelos educadores modernos e que deve ser colocado a disposição para todos os alunos o mais rápido possível, para que possamos colher em breve os frutos das novas cabeças pensantes do Brasil.

Conclusão

            Portanto, mostrar como se forma e como se constrói o método da problematização é uma forma bastante eficiente de propiciar variadas formas para instigar pessoas para a vida, através da busca por soluções de situações problemas escolhidas pelo grupo que promove a análise, diagnóstico e monta o plano de ação para a solução do problema. Outro ponto bastante relevante deste método é que o estudo não se prende a teoria, pois os participantes são instigados a manter coerência entre seus estudos teóricos e suas ações, de forma que o que se tem analisado e diagnosticado deverá sair do papel e se transformar em melhorias concretas para a sociedade, através de benefícios visíveis e palpáveis.







REFERÊNCIAS
APARECIDA, Neusi- METODOLOGIA DA PROBLEMATIZAÇÃO, Fundamentos e Aplicações 1999.
FREIRE, P. “Pedagogia do Oprimido 1983:66”

Um comentário:

  1. O texto é bom, mas apresenta poucas referências teóricas, indicando que não cavou o tema com alguma insistência. Mesmo assim, a reflexão está adequada.
    Pedro Demo

    ResponderExcluir