quarta-feira, 30 de março de 2011

Metodologia da problematização - ESTHER

Metodologia da problematização

Esther Gomes Dos Santos




INTRODUÇÃO

Fazer da problematização uma metodologia e mais que criar sujeitos sábios e capazes de defender-se, é o veiculo condutor de pessoas dotadas de autonomia intelectual tanto no pensamento como nas ações.
 A metodologia problematizada tem o objetivo de trabalhar a criança já nas series iniciais, preparando este ser para a vida social, fazendo dele um sujeito crítico capaz de manter-se sobre seus direitos, inventar e criar sua própria realidade. Mas para que isto aconteça, o sujeito precisa confrontar-se com a realidade em que vive, precisa saber da real situação e o porque das causas de eventuais problemas.como diz Jean Piaget
“A principal meta da educação e criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetindo o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo o que a ela se propõe”.
Neste texto além de ouvirmos um pouco mais sobre a metodologia da problematização saberemos o impacto positivo que esta metodologia e capas de trazer para vida futura, pois sua atuação tem inicio já nas series iniciais. Teremos ainda dicas práticas de como trabalhar esta metodologia em nossas escolas, saberemos como deve ser a posição do professor e qual e o seu papel na metodologia da problematização e o porquê é tão importante trabalharmos com esta proposta ainda na educação desde cedo.


1. Metodologia da problematização método para transformar a realidade
Vimos que na metodologia da problematização o individuo confronta-se com a realidade, fazendo dela seu objeto de estudo. Sendo que esta inicie com uma simples observação do problema real através da pesquisa e parta para critérios de resoluções.  
Paulo Freire diz que a “educação deve servir para a libertação do ser humano”. Mas para este ser humano ser “liberto” precisa saber que está preso e oprimido, às vezes pela falta de conhecimento e de informação. A educação problematizadora visa diferenciar esta realidade, pois acredita que deve mudar primeiro o ser humano através do conhecimento e do envolvimento para então transformar o real.
O confronto com esta realidade servirá de informações para o sujeito, pois ele observará com a intenção de familiarizar-se com a questão a fim de preparar-se. Como diz Paulo Freire, quanto mais conscientizados nos tornamos, mais capacitados estamos (1980, p.28).
Partindo deste pressuposto e valido lembrar que, quando uma pessoa conhece algo ou alguém bem de perto ela e capaz de conscientizar de todas as características existentes, pela a ampliação do seu conhecimento no que está vendo e conhecendo. Na metodologia da problematização acontece o mesmo, o aluno e colocado de frente com a realidade de forma que surja nele o interesse de envolver-se, isto fará com que ele revista-se não só de conhecimento mais também de preparação. A mudança começa ai, o individuo e colocado frente a sua própria realidade, conhecendo o real parcialmente, ele vai se interessando na busca de conhecimentos aprofundados.  Para  que o individuo saiba mais ele usará a pesquisa como estrada a ser trilhada,depois da investigação através da pesquisa surgirá o desejo de mexer-se de sair da alienação e do lugar em que estar.
O individuo que está envolvido ou que seja levado a envolver-se de forma alguma ficará quieto em meio a uma questão reflexiva e cheia de novas descobertas, principalmente quando ele sabe que pode fazer mais e que é capaz de fazer também de forma diferenciada, o principal motivo desta posição e a certeza que ele adquiriu de que pode mudar até mesmo o espaço que vive.
Este envolvimento e primordial na educação problematizadora, pois quem olha as coisas de fora tem uma visão diferente de quem esta dentro, às vezes o sujeito que não esta engajada em algo não tem visão alguma da realidade. Por isso é importante que na escola o professor oportunize os alunos a entrarem no problema, a participar dele como parte ativa. Quando não oportunizamos o aluno, a saber, mais através de novas descobertas estamos fazendo dele pessoas alienadas que recebem tudo de forma passiva, pessoas que não ousam descobrir novos caminhos através da busca. Se nós enquanto educadores temos esta postura inconscientemente temos estas intenções mesmo que isto seja usado como métodos educativos.
Qualquer que seja a situação em que alguns homens proíbam aos outros que sejam sujeitos da sua busca, se instaura como situação violenta. Não importa os meios usados para esta proibição Fazer das pessoas objetos e aliená-las de suas decisões, que são transferidas então para outros, ou seja, outras pessoas. O movimento de busca através da educação problematizadora precisa estar sempre dirigido para ser mais, para a humanização do homem, por que esta e a vocação do homem, embora isto seja contraditório pela nossa história. (Freire, 1983, p.85)

2. O perfil do professor como problematizador
A metodologia da problematizarão e o berço humanizador do ser humano, mas para que esta humanização aconteça precisa existir um começo um ponto de partida, algo que oriente e que prepare o individuo no caso o aluno para uma caminhada sem fim.
A escola é este ponto de partida, pois é nela que aprendemos e nos preparamos para a vida para sermos humanos e cidadãos, por este motivo a mesma precisa conscientizar-se de que é responsável por esta preparação.
Assim como a escola o professor tem responsabilidades neste processo, com uma diferença, a responsabilidade do educador e única e principal, pois a ele e dada à oportunidade de atuar diretamente com o educando fazendo parte central de sua vida, por isso tudo o que ele fizer ou deixar de fazer acarretará em conseqüências positivas ou negativas no futuro não só do estudante, mas de toda uma sociedade, isto acontece por que este educando no futuro poderá ser um educador que por sua vez da forma que ele foi instruído com certeza instruirá também seu futuro aluno.
O ser humano por natureza e inquiridor, o que acontece quase que frequentemente e que em seu primeiro contato com a escola o professor passa a habituar este a esperar o repasse de conteúdos prontos, por parte do educador descartando os conhecimentos prévios do educando  então esta criança que chega cheia de curiosidade e inquietação em meio aos fascínio do mundo e bruscamente podada ,oprimida e forçada a receber coisas que outras pessoas falaram a muito tempo atrás e que ainda hoje são consideradas o único caminho a ser trilhado fazendo deste individuo um ser alienado receptor e transmissor de formulas prontas.
A criança que e habituado desta forma imagina que ela nunca tem razão e que os seus pensamentos estão sempre errados e ultrapassados, imagina que quando nasceu o mundo já estava pronto e que ela não tem o direito de acrescenta ou tirar nada do seu lugar. Este perfil e extremamente cômodo, mas também perigoso, pois este ser que ainda e uma criança crescerá, e se não for bloqueado este pensamento da sua personalidade com certeza será um adulto que acreditará neste mesmo conceito passado a ele quando ainda era uma criança.
“Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe paciente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fizemos”.
(Paulo Freire, pedagogia da autonomia 1996)
Com isso o professor tem a responsabilidade de traçar caminhos lógicos, para que este aluno se encontre com o vasto mundo que o cerca, presenteando o mesmo com o hábito da descoberta e da inquietação em meio ao desconhecido e do que é para ele ainda escuro estes recursos são adquiridos através de uma pesquisa autônomo com características únicas de cada individuo dela faça uso.

 Os professores devem saber que os alunos são capasses de adquirir seus próprios conhecimentos e que a sua função e orientar para que ele trilhe a estrada certa, pois ninguém tem o poder de passar conhecimentos à outra pessoa, o que pode ser feito e mostrar caminhos e alternativas para que o aprendiz alcance por si só seu conhecimento através de uma investigação consciente. Como diz Jean Piaget “O professor não ensina, mas arranja métodos de a própria crianças descobrir. Cria situações problemas”.
O professor como norteador deve passar os conteúdos de forma sucinta e cuidadosa para não dar tudo pronto fazendo com que o aluno fique acomodado á esperar. Os conteúdos precisam ser pesados de forma rigorosa a fim de reforçar a capacidade critica do aluno fazendo dele um ser inquieto e curioso que tenha a ação de ir atrás de novos conhecimentos ou de aprimorar o que já sabe.
A criação de situações problemas e primordial para fazer deste individuo uma pessoa autônoma, problematizar os conteúdos fará deste um ser critico, pois ao se depara com um problema sairá em busca de descobertas e de resoluções para tal questão descobrindo a beleza da pesquisa perceberá que esta por sua vez e incessantes por que quanto mais investigarem mais terão que procurar por que quanto mais souberem ai e que terão o desejo de saber.
 O método investigativo tira a educação bancaria de circulação nela o aluno não e dependente do mestre, acontecendo tal comportamento educandos e educadores usufruirão de uma atitude de troca, pois ambos caminharão para o objetivo unigênito de aprofundar seus conhecimentos em torno de um mesmo objetivo para poder então procurar respostas.
Neste sentido os alunos se sentirão confiantes e a vontade para ir ao encontro do novo se sentirão ainda desafiados a encontrá-los de qualquer forma, criando em seus espíritos investigativos um estado de consciência critica que se tornará característica primordial para a sua própria transformação frente à realidade.
Mas para fazer do educando uma pessoa critica, preparada e autônoma o profissional da educação precisa também o ser, o professor precisa agir corretamente para então fazer com que seus educandos hajam também de forma correta,para levar o aluno a pesquisa e mister que o educador também tenha em si um espírito de busca este perfil e importantíssimo  por que assim  ele não terá dificuldades, sem esquecer que os alunos sentirão confiança em recorrer ao professor afim de tirar algumas duvidas. O professor precisa também aproveitar os conhecimentos prévios que os educados tracem consigo realizando um paralelo entre esses e os conhecimentos obtidos através de investigações.
Ao propor uma situação problematizadora e importante que o professor tenha consciência e sensibilidade e acima de tudo tenha domínio do que faz, pois e valido lembrar que uma problematizarão mal feita não trará resultado algum na conscientização do ser humano. O aluno além de ser instigado a pesquisa como fonte de problematização precisa também ter voz, ele dará a sua opinião acerca do que percebeu e do que já sabia antes.Para isso o professor como facilitador exigirá de si mesmo uma postura critica mas acima de tudo ética em frente aos conhecimentos do aluno.
A educação problematizada faz com que tanto os alunos como os professores atinjam um nível de consciência tão eficaz que ambos sejam mediados pela realidade, com o poder de atuarem nela num sentido de transformação.


3. Problematizando na educação infantil
As crianças são pequenos pesquisadores que experimentam e buscam respostas para as muitas perguntas que fazem a respeito deste mundo, que para elas ainda é tão cheio de mistérios. Constroem e reconstroem teses sobre o se próprio funcionamento, da natureza e da vida.
As crianças pequenas por natureza são curiosas e inquiridoras estão totalmente receptíveis a tudo, é nesta fase da vida que muitas particularidades e muitas habilidades são moldadas, por esta razão não existe melhor momento de introduzir em seu ser um espírito crítico e autônomo.
E inevitável perceber que as crianças são pequenos pesquisadores na busca de respostas para questionamentos que elas mesmas fazem a si próprias  sobre um mundo que para elas é novo , elas constroem e reconstroem argumentos  acerca do funcionamento das coisas, dos fatos , acontecimentos do mundo e da sua própria vida.
É fácil notar tais características no seu jeito espontâneo de se comportar, infelizmente este comportamento e interpretado de forma erronia por parte dos adultos, como se a criança fosse um pequeno intruso querendo saber coisas que não cabem a uma criança. Tais julgamentos têm o poder de toldar de forma cruel e desumana, marcando o educando para toda a vida.
Os primeiros anos de uma criança e marcado por acontecimentos e fatos que a acompanhará ao longo de sua trajetória de vida, acontecimentos estes que de uma forma positiva ou negativa estará presente no futuro adulto.
            Através das possibilidades de interação com as pessoas, com os colegas e principalmente com o professor, as crianças terão a oportunidade de construir não só a sua personalidade, construirão também princípios éticos e morais que desencadearão em atitudes positivas presentes em seu cotidiano e mais tarde também em sua vida adulta.
A educação problematizadora faz com que estas características estejam presentes  na mente e no ser da criança, fazendo com que ela não abra mão da busca e do interesse de querer saber mais,por este motivo a  problematizarão dos conteúdos precisa ser   de caráter critico, autentico e reflexivo,consistindo em uma busca interes ante e incessante para  desvendar a realidade.
Para que este que no presente momento encontra-se pequeno e em constante desenvolvimento, se torne grande não apenas em estatura mas em sabedoria é necessário uma boa orientação por parte dos que o acompanham.
A escola e a base na educação infantil é o começo de uma vida em sociedade, ela e os professores juntos em uma perfeita combinação criam caminhos para que a criança tenha a oportunidade de ir ao encontro de sua realidade, estas condições de descobertas poderão acontecer na vivencia com seus colegas, na partinha do seu espaço e dos objetos da sala e principalmente na busca incessante por respostas de novos horizontes. É por meio desta atuação e participação que o educando começa a construir sua autonomia e o seu raciocínio critico e lógico.
A educação infantil tem papel primordial para a formação dos pequenos, e se agir de forma correta com certeza em um futuro próximo colheremos frutos doces e uma sociedade com condições confortáveis para viver. Infelizmente ainda não é isto que vemos ao nosso redor, ainda existe um tipo de educação tirana que com suas táticas tentam fazer daquele ser que chegou com sede de buscar, de ir ao encontro e de descobrir por si mesmo, em uma pessoa passiva frente aos acontecimentos, submisso a qualquer um que lhe mostre autoridade e poder.
Este tipo de educação aprisiona o aluno, dando a ele a impressão de que nada sabe é de que esta ali para que o professor encha a sua mente vazia de seus próprios conhecimentos, acumulados há anos. Com métodos como estes no decorrer da sua vida estudantil o educando automaticamente bloqueia sua mente deixando no lugar de olhos que tenham sede de buscar, um antolhoque que fará com que ele olhe apenas para uma direção no caso a que o professor disser que é a “a correta”.
Orientar os alunos a pensar já na educação infantil e de suma importância para que possamos fazer deles pessoas únicas em pensamento e particular em ações, mas devemos lembrar que para que eles se apropriem de um pensamento livre e completo e proibido existir ali repressões, pelo contrario para que esta outonomia seja introduzida aos pequenos da educação infantil, desde cedo precisam ter livre hábito no falar e no efetuar qualquer que seja a atividade proposta.
É preciso orientar os alunos a pensar, e é impossível aprender a pensar num regime autoritário. Os pensamentos supõem então o jogo livre das funções intelectuais e não o trabalho sob pressão e a repetição verbal. (Piaget, 1998)
A educação problematizadora deve acontecer ainda nesses primeiros anos de experiência escolar, pois tem como finalidade levar a criança desde cedo ao encontro das suas inquietações com o objetivo de cessá-las, fazendo de si mesmo autor de suas próprias escolhas e decisões, sendo homens e mulheres que influenciem a si mesmo deixando de lado a alienação global.
Os adultos que estão em volta das crianças com o papel de orientá-las, no caso o professor precisam estar alertas para não acariciar em si uma postura autoritária tendo a finalidade de deter para si o controle, fazendo com que as crianças sofram coerção por parte da pessoa adulta.Segundo Piaget ,a autoridade adulta sobre o pensamento da criança não apenas prescindi de verificação racional, mas também  retarda freqüentemente o esforço pessoal e o controle mútuo dos pesquisadores(PIAGET , p. 118).
Quando a criança e habituando a pesquisa como fonte de respostas ele instantaneamente sai do estável e passa a trilhar seu próprio caminho, ignorando saberes alheios muitas vezes ultrapassados. Esta postura e a porta de saída da passividade e a de entrada para uma sociedade democrática, que no futuro terá a preocupação de conhecer e desvendar o que está no mundo a fim de atingir a emancipação do homem e fazer dele autor de sua própria realidade. Está autonomia frente às questões desencadeia em uma posição tranfomadora, fazendo com que o aluno saia do papel passivo e passe para o ativo.
Pra concluir precisa-se ter em mente que a educação problematizadora consiste em meios para a descoberta, com o interesse de fazer do educando pessoas outonomas que abandonam o lugar de receptor e passe para o de descobridor. Ao ter domínio sobre seus pensamentos atos e ações o individuo alça vôo no mundo das idéias e das descobertas.
Para trabalhar de forma eficaz com a metodologia e fazer dela instrumento com o poder de orientar e criar nas pessoas um espírito critico e autônomo, não se pode deixar de fora a pesquisa, pois ela e a arma, é o  mapa para uma sociedade autônoma e consciente. A educação em todas as fazes ou series precisa ter a consciência que o seu papel não e apenas passar conteúdos, mas sim instigar o individuo a observá-lo e transformar a seu modo.



Referências bibliográficas

Freire P. A Pedagogia do oprimido. 13. Ed Rio de Janeiro: Paz e Terra 1983
Freire, P. Conscientização: Teoria e pratica da libertação uma introdução ao pensamento de Paulo Freire 3º Ed. São Paulo Moraes, 1980.
Freire pedagogia de a autonomia Saberes necessários a pratica educativa 7. Ed. São Paulo: Paz e Terra, p 85.
www.sitequente.com/frase“Não há docência sem decência”
In:Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.
Paulo Freire São Paulo: Paz e Terra, 1996 p. 23-46












Um comentário:

  1. Texto pertinente, com boa reflexão. Espero que este estudo ajude a mudar a relação professor/aluno, construindo parceria produtiva, com excelentes tempos de estudo.
    Pedro Demo

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